Para especialista, o aumento do consumo está especificamente atrelado a redução da taxa de desemprego e ao aumento da massa de salários pagos
por
Bruna Correia
10 de dezembro de 2023
IG
Na última semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados que revelam um aumento de 1,1% no consumo das famílias brasileiras durante o terceiro trimestre, em comparação com o trimestre anterior. Este indicador, que representa 60% do valor nacional, evidencia uma sutil aceleração em relação ao segundo trimestre, no qual a variação foi de 0,9%.
Para o economista Sandro Maskio, o aumento do consumo das famílias está especificamente atrelado a redução da taxa de desemprego e ao aumento da massa de salários pagos. “Isso reflete sobre o fluxo de consumo e aponta positivamente para uma correlação sobre a capacidade de tomar crédito. Muito embora, boa parte das famílias brasileiras estão muito endividadas”, pontua.
“Temos uma política fiscal um pouco menos a rigorosa, não no sentido de ser irresponsável, mas sim mais ativa. Existe tem execução de investimentos e gastos públicos de uma maneira um pouco mais favorável, já que estimula a demanda. Então, o gasto público acaba sendo um mecanismo que estimula a demanda nesse momento”, defende.
O economista acredita que o principal desafio para uma retomada é o endividamento das famílias. “Por um lado é desejável ter uma expansão de consumo, para puxar o crescimento e a produção. Mas o mecanismo de crédito do Brasil, não é amigável, além de ser caro”, finaliza.
A taxa de desemprego no Brasil atingiu 7,6% no trimestre encerrado em outubro. Esse resultado representa uma redução de 0,3 ponto percentual em comparação com os três meses anteriores e constitui o patamar mais baixo desde o trimestre encerrado em fevereiro de 2015, quando alcançou 7,5%, segundo informações do instituto.
Os resultados indicam uma queda de 3,1% no número absoluto de desocupados em relação ao trimestre anterior, totalizando 8,3 milhões de pessoas. Este é o menor contingente desde abril de 2015. Comparando com o trimestre anterior, houve uma redução de 261 mil desocupados, representando uma diminuição de 8,5% em relação ao mesmo período de 2022, ou seja, 763 mil trabalhadores a menos.
Os juros ainda se encontram em um nível elevado, mantendo-se em 12,25% ao ano. Em agosto deste ano, o Banco Central deu início ao ciclo de redução da Selic, embora sem um reflexo claramente delineado nesse estágio inicial. A pesquisa também indicou um aumento no consumo das famílias, ao passo que os investimentos registraram uma significativa queda no período, com uma retração de 2,5%.
Em outubro, o Brasil criou 190.366 vagas de trabalho formal, segundo dados divulgados pelo Ministério do Trabalho. Isso resultou de 1.941.281 admissões e 1.750.915 desligamentos no mês. O salário médio real de admissão ficou em R$ 2.029,33, mantendo-se estável em relação a setembro (R$ 2.034,51). Comparado ao mesmo mês do ano anterior, houve um ganho real de R$ 16,34, representando um aumento de 0,8%.
Alex Araujo, CEO da 4Life Prime, defende que o impulso econômico cria condições propícias para a movimentação no mercado de trabalho, incluindo a troca de empregos e a contratação de temporários. “Este é um período em que as empresas estão procurando expandir suas equipes. Com um maior retorno de investimento, torna-se viável aumentar tanto o quadro de funcionários quanto os serviços oferecidos, configurando assim um momento oportuno para a busca de novas oportunidades no mercado”, afirma.
No primeiro semestre, o Brasil criou 1,023 milhão de postos de trabalho com carteira assinada, indicando uma queda de 26,25% em comparação ao período de janeiro a junho de 2022. No ano anterior, durante o mesmo período, foram geradas 1,388 milhão de vagas. Essas informações refletem o saldo líquido, ou seja, a diferença entre contratações e demissões, da geração de empregos formais.
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