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Home >> Economia >> BC divulga ata do Copom e prevê novos cortes nos juros

BC divulga ata do Copom e prevê novos cortes nos juros

Mesmo assim, Banco Central alerta que política fiscal merece atenção

por

Brasil Econômico

19 de dezembro de 2023

IG

Fachada do Banco Central do BrasilMarcello Casal Jr/Agência Brasil

O Banco Central (BC) divulgou nesta terça-feira (19) a Ata do Copom (Comitê de Política Monetária) referente à reunião que resultou na redução da Selic em 0,50 ponto percentual, de 12,25% para 11,75%, na última semana. O texto mostra que a instituição prevê seguir o ciclo de redução da taxa de juros.

Segundo o documento, a queda gradual de meio ponto percentual é considerada “apropriada” para os próximos cortes de juros. Isso sugere, para o mercado financeiro, a expectativa de, pelo menos, mais alguns cortes de 0,50 ponto percentual.

“Confirmado o cenário previsto, os membros do Comitê preveem, de forma unânime, a continuidade da redução na mesma magnitude nas próximas reuniões, considerando este como o ritmo adequado para manter a política monetária contracionista, essencial para o processo de desinflação”, mencionou o Copom na Ata.

Esta é a menor taxa de juros desde março de 2022, representando a quarta redução consecutiva da Selic, que iniciou a queda a partir do patamar de 13,75% ao ano, a partir da reunião de agosto. A decisão foi tomada de forma unânime.

O Comitê de Política Monetária (Copom), composto pelos diretores do BC, se reúne a cada 45 dias. A reunião cuja ata foi divulgada hoje foi a última de 2023.

Cenário externo mais favorável

O Banco Central destacou a melhoria do panorama externo, considerado “menos adverso” em comparação à reunião anterior.

“O Comitê avalia que a situação internacional se apresenta menos desafiadora do que na reunião anterior. Os dados mais recentes, embora preliminares, indicam um arrefecimento no crescimento e uma redução das pressões inflacionárias em alguns países, especialmente nos setores de bens industriais e commodities energéticas. Diante disso, vários membros do Copom perceberam um aumento na probabilidade de uma aterrissagem suave nos Estados Unidos.”

Entretanto, o BC ressalta a necessidade de uma “postura cautelosa” para economias emergentes, como o Brasil, na condução da política monetária.

“O Comitê reafirmou a avaliação, dada a recente volatilidade e a incerteza no cenário internacional, de que é apropriado adotar uma abordagem cautelosa, principalmente em países emergentes. Adicionalmente, o Comitê continuará monitorando os diversos indicadores da economia global e seus impactos na economia doméstica.”

Alerta sobre a situação fiscal

O Banco Central também enfatizou em dois trechos da ata a importância de o governo manter a disciplina fiscal, sob o risco de o país observar um aumento na chamada “taxa neutra de juros”. Isso poderia resultar em um encerramento mais precoce do ciclo de cortes da Selic pelo BC.

“O Comitê reiterou a visão de que a redução no comprometimento com reformas estruturais e a disciplina fiscal, o aumento do crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilidade da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com consequências adversas para a eficácia da política monetária e, portanto, para o custo de desinflação em termos de atividade”, mencionou o BC.

Em outro trecho, reforçou a importância da política fiscal para controlar as projeções de inflação:

“No que diz respeito ao cenário fiscal, considerando a importância da realização das metas fiscais já estabelecidas para ancorar as expectativas de inflação e, consequentemente, orientar a condução da política monetária, o Comitê reafirma a necessidade de perseguir essas metas de maneira firme.”

Projeções de longo prazo fora do esperado

A política monetária tem refletido a queda da inflação medida pelo IBGE, mas as projeções de longo prazo, ainda acima da meta, têm sido um dos fatores que impedem uma aceleração nos cortes de juros. O BC tem apontado uma “desancoragem” das expectativas, razão pela qual permanece cauteloso ao considerar uma aceleração no ritmo dos cortes, para 0,75 ponto.

“As projeções de inflação continuam desalinhadas e são motivo de preocupação. O Comitê considera que a redução dessas expectativas demanda uma atuação firme da autoridade monetária, bem como a contínua consolidação da credibilidade e reputação das instituições e dos arcabouços fiscal e monetário que compõem a política econômica brasileira.”

Desde o início do ano, a projeção de inflação para 2023 caiu de 5,3% para 4,5%, ficando dentro da margem de tolerância da meta, que é de 3,25% com uma margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Entretanto, para 2024, houve uma ligeira piora, de 3,62% para 3,92%, também dentro da meta, e para os anos subsequentes a projeção está em 3,5%, em comparação a um centro de meta de 3%. Por esse motivo, o BC menciona uma “desancoragem”.

“A ausência de alinhamento das expectativas de inflação para prazos mais longos continua desde a última reunião do Copom”, observou o BC.

Das 16 capitais pesquisadas pelo IBGE, metade já registra inflação dentro da meta: Rio de Janeiro (3,97%), Campo Grande (4,71%), Goiânia (3,94%), Fortaleza (4,64%), Curitiba (4,69%), Salvador (4,01%), Recife (3,86%) e São Luís (2,28%).

De acordo com as projeções do Boletim Focus, a expectativa é que a Selic termine o ano de 2024 em 9,25%. Na semana passada, o IPCA de novembro, divulgado pelo IBGE, registrou 0,28%, abaixo dos 0,41% do mesmo mês do ano anterior. Com isso, a taxa acumulada em 12 meses caiu de 4,82% para 4,68%, já dentro do intervalo de tolerância da meta.

Um fator decisivo para o início do ciclo de cortes foi a manutenção da meta de inflação para 2026 em 3%, anunciada em junho deste ano. A partir dessa perspectiva, o BC iniciou os cortes na reunião subsequente, em agosto.

Auxílio do BC americano

Na semana passada, o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, manteve a taxa de juros inalterada, no intervalo entre 5% e 5,25%. O comunicado do banco foi considerado mais “ameno” do que o previsto pelo mercado, o que favorecerá a condução da política monetária no Brasil.

Quanto mais cedo os juros caírem lá, mais confortável fica o BC brasileiro em reduzir a Selic aqui. Isso é decorrente do chamado “diferencial de juros”. Se a taxa por aqui se mantiver significativamente mais alta do que nos EUA, dólares virão para o Brasil em busca de maior rentabilidade, fortalecendo o real e auxiliando no combate à inflação.

 

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