Nós nos acostumamos a conviver com uma política econômica mais incerta e isso não faz bem ao país
por
João Ricardo Costa Filho
28 de dezembro de 2023
IG
O que esperar da política econômica? Essa é uma pergunta importante, pois as expectativas dos agentes em uma economia muitas influenciam as suas decisões. Surpresas de política econômica podem ter efeitos mais intensos no curto prazo, mas é transparência e previsibilidade que ajudam a ancorar comportamentos mais longevos. Scott Baker, Nick Bloom e Steven Davis criaram um índice de incerteza sobre a política econômica (o Economic Policy Uncertainty Index) para diversos países, cuja versão brasileira foi construída com base em termos-chave presentes em artigos do jornal Folha de São Paulo a partir de 1991. Quanto maior o valor do índice, maior a incerteza.
Como os dados mensais possuem muita oscilação, e a minha preocupação neste artigo é analisar os movimentos mais estruturais da incerteza na economia brasileira, utilizei o que chamamos no jargão técnico de “filtro” estatístico para separar as flutuações de curto prazo do índice das mudanças na tendência de longo prazo. O resultado está presente no gráfico abaixo.
Saltam aos (meus) olhos dois resultados. Primeiro, a média entre 2011 e 2023 é 159% (!) maior do que a média entre 1991 e 2000. Ou seja, o Brasil tem uma política econômica muito mais incerta do que ela era no final do século passado. Isso tem implicações na capacidade de empresas e famílias em se planejarem, o que pode diminuir o do investimento agregado, contribuindo negativamente para o chamado crescimento potencial. Além disso, o consumo agregado também é impactado (muitas vezes as famílias trocam consumo no mercado pelas atividades produzidas no domicílio, o que corrobora com uma atividade econômica menor). Tenho tratado de fatores que influenciam a trajetória do PIB brasileiro ao longo de diferentes colunas, talvez o(a) leitor(a) se interesse pelos textos passados e queira (re)visitá-los aqui.
Outro ponto importante é que o grande aumento da incerteza (de longo prazo, é bom lembrar) se deu a partir da recessão 2014-2016. O patamar médio nunca retornou ao nível registrado antes do episódio. Embora a pandemia também tenha contribuído com um novo “platô” de incerteza (que segue presente conosco), o salto foi bem menor do que na recessão anterior.
É importante ressaltar que a tendência de aumento na incerteza acerca da política econômica é mundial. As diferenças estão na intensidade e, especialmente, nos momentos em que elas “saltam”. Por exemplo, para o índice global teve uma média 2011-2023 154% maior do que o registrado entre 1997 (primeiro ano do índice global) e 2000, muito semelhante ao desempenho brasileiro. Contudo, os marcos da grande mudança são diferentes. No mundo, isso teria ocorrido a partir de 2018. E o impacto da pandemia foi mais significativo do que no Brasil.
Em suma, nós nos acostumamos a conviver com uma política econômica mais incerta e isso não faz bem ao país. Será que o ano novo não vem também uma política econômica menos incerta para ajudar a qualificar 2024 como “feliz”? Vamos torcer!
Leia a matéria completa na CBN. A primeira fase da regulamentação da reforma tributária entra em uma semana decisiva, já que a Comissão de Sistematização Reforma da Tributação sobre o Consumo, que coordena os 19 grupos técnicos do tema, pretende concluir as propostas antes da Páscoa. Em outra frente, os grupos de trabalho formados na Câmara vão apresentar […]
Leia a matéria completa no UOL. O grupo de trabalho paralelo do Congresso que discute a regulamentação do imposto seletivo na reforma tributária apresentou nesta segunda-feira, 18, uma proposta que prevê metas para a aplicação do tributo, que tem o objetivo de taxar bens ou serviços nocivos ao meio ambiente e à saúde. Os GTs […]
Leia a matéria completa na IstoÉ Dinheiro. O grupo de trabalho paralelo do Congresso que discute a regulamentação do imposto seletivo na reforma tributária apresentou nesta segunda-feira, 18, uma proposta que prevê metas para a aplicação do tributo, que tem o objetivo de taxar bens ou serviços nocivos ao meio ambiente e à saúde. Os […]
Assine nossa newsletter e receba as principais informações em seu e-mail.
Estou de acordo em fornecer minhas informações para que o Instituto Unidos Brasil entre em contato comigo, bem como ciente de que esses dados serão utilizados pelas áreas de Marketing e Desenvolvimento da IUB para o envio de e-mails.